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Se, por Professor Hermógenes

  • Foto do escritor: M.S. Bueno
    M.S. Bueno
  • 31 de jan.
  • 2 min de leitura

Se, ao final dessa existência

Alguma ansiedade me restar

E conseguir me perturbar;

Se eu me debater aflito

No conflito, na discórdia...


Se ainda ocultar verdades

Para ocultar-me,

Para ofuscar-me com fantasias por mim

criadas...


Se restar batimento e revolta

Pelo que não consegui

Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...


Se eu retiver um pouco mais

Do pouco que é necessário

E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...


Se algum ressentimento,

Alguma ferimento

Impedir-me do imenso alívio

Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,

Se ainda não souber

Sinceramente orar

Por quem me agrediu e injustiçou...


Se continuar a mediocremente

Denunciar o cisco no olho do outro

Sem conseguir vencer a treva e a trave

Em meu próprio...


Se seguir protestando,

Reclamando, contestando,

Exigindo que o mundo mude

Sem qualquer esforço para mudar

eu...


Se, indigente da incondicional alegria interior,

Em queixas, ais e lamúrias,

Persistir e buscar consolo,

conforto, simpatia

Para minha ainda imperiosa

angústia...


Se, ainda incapaz

para a beatitude das almas

santas,

precisar dos prazeres medíocres que o

mundo vende...


Se insistir ainda que o mundo

silencie

Para que possa embeber-me de silêncio,

Se saber realizá-lo em mim...


Se minha fortaleza e segurança

São ainda construídos com os materiais

Grosseiros e frágeis

Que o mundo empresta,

E eu neles ainda acredito...


Se, imprudente e cegamente,

Continuar desejando

Adquirir,

Multiplicar,

E reter,

Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,

Na ânsia de ser feliz...


Se, ainda presa do grande embuste,

Insistir e persistir iludido

Com a importância que me dou...


Se, ao fim de meus dias,

Continuar

Sem escutar, sem entender, sem atender,

Sem realizar o Cristo, que,

Dentro de mim,

Eu Sou,

Terei me perdido na multidão abortada

Dos perdulários dos divinos talentos,

Os talentos que a Vida

A todos confia,

E serei um franco a mais,

Um traidor da própria vida,

Da vida que investe em mim,

Que de mim espera

E que se vê frustrada

Diante de meu fim.


Se tudo isto acontecer

Terei parasitado a Vida

E inutilmente ocupado

O tempo

E o espaço

De Deus.

Terei meramente sido vencido

Pelo fim,

Sem ter atingido a Meta.



José Hermógenes de Andrade Filho, o Professor Hermógenes (1921-2015).

Precursor da Ioga no Brasil.

Uma humilde homenagem a um grande mestre, um mahatma brasileiro.


||ॐ नमः शिवाय||









 
 
 

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