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Quando abdicamos da vida Ela nos acolhe Gratidão e plenitude florescem Paradoxo de ser morto vivo Estar completamente não estando Firmemente fluindo no vazio do absoluto descontrole Não identificar Traz identidade Esvaziar Traz plenitude Abdicar do controle Traz pleno controle Fluir na desordem Passar a ser a nova ordem Não há o que possuir Não há o que ser Não há o que planejar Não há o que preparar Não há o que cumprir Tudo se possui Tudo se é Tudo se vive Tudo se age Tudo se testemunha

O vento me atropela De uma forma Que me deixa Muito além do tempo Ele me transpassa Me liberta Como se já não fizera Mais parte dele O vento passa Mas não o tempo Esse, permanece Nem parece que existe Flui pelo infinito Desloca-se de nada Para lugar nenhum É Deus Em sua essência

Quem sou eu? É a pergunta a ser respondida. Depois de ter caminhado arduamente em minha direção, Isso é mais que claro para mim! Sobrou-me pouco ou quase nada. Finalmente, Estou a ter o privilégio de aparar as arestas, Inclusive do silêncio. Silêncio esse que quebro ao escrever essas linhas. Ainda que necessárias, Pois ao fazê-las percebo meu eu vivo, Teimando em se desintegrar no eterno. Para Shiva, Nada existe além Dele. É o Grande Deus, O Ser entre os seres. À Ele me abandono no eternamente presente através do silêncio que a tudo vê, Ouve, escuta, experiência, sente e observa, vivência… Como partícula do Divino, Um Oceano em uma gota, Não só uma gota no oceano. Shiva está em mim, Sou EU a ser revelado.

Compreenda para entender Entenda para contemplar Contemple para refletir Reflita para aceitar Aceite para meditar Medite para realizar Realize para transcender Transcenda! … Entregue-se a Deus.

Deus é a morte Ela quem manda na vida. Encontrar o morto É encontrar a Deus. Esse instante presente Que se apresenta a mim Me faz presente. Perpetuo-o, Para manter-me Na vida. Estarei presente, Quando me encontrar A morte. Serei Deus.

Ao contrário do pensamento comum, a divindade se encontra na desordeira livre fruição do ser e estar. O controle, a priore, traz a ordem, mas a ordem cerceia a liberdade e a liberdade é a chave para a divindade. É com um eterno baile que Shiva sustenta o Universo. É na impermanência que Buda encontra o permanente estado de nirvana. Assim como um veículo precisa de um empurrão para ganhar movimento, um praticante precisa do controle para condensar seus pensamentos. Entretanto, se tal força permanecer a ser aplicada, a aceleração constante trará descontrole ao veículo que fatalmente se acidentará. Sendo assim, após vencida a inércia e o movimento estabelecidos, é extremamente importante que o controle seja abandonado, que o praticante se entregue à vontade divina e flua ao sabor do vento, assim como Shiva dança para manter o equilíbrio universal.

O que seria então estar a serviço do divino se não estar à disposição daqueles que se entregam a Deus? Independentemente da forma ou denominação, Como ouvintes ou canal para o Universo, Todos os seres independentemente de suas espécies, origens, raças, credos ou crenças, Querem ser ouvidos e respeitados, reconhecidos por suas existências e louvores. Aquele que empresta o ouvido ao homem escuta o Mestre, Doa-se ao Deus. Sempre fui um servo de Shiva. Ele sempre fizera uso fruto de minha existência para seus propósitos. Nada me faltará pois tudo Ele provém. Peca aquele que pensa o contrário. Sua presença se faz sentir até mesmo quando não se está presente para senti-la. Meus ouvidos sempre são de Rudra, Pois não há meus ouvidos. Minhas ações, já não são minhas pois já não há nada que não seja Rudra em mim. À Ele dedico essa existência E Ele me bendiz em sua generosidade me proporcionando o dom de ser parte de si.

Pain is a lonely companion It always reminds me that I am alive I live with the scourge of death Knowing that it will be violent With a blow it will have been taken It will return to the Great Mother I will have lived the moment Knowing that I am already leaving I will not have parasitized life Nor occupied God's time and space I will have lived life, present I will have joined the Eternal.

A dor é uma solitária companheira Sempre me lembra que estou vivo Convivo com o flagelo da morte Sabendo que ela será violenta Num baque terá sido levada Voltará à Grande Mãe Terei vivido o instante Sabendo que já me vou Não terei parasitado a vida Nem ocupado o tempo e o espaço de Deus Terei vivido a vida, presente Terei me juntado a Deus

A beatitude trouxe-me o presente do abrigo Controlo o espaço entre o agora e o depois Equilibro-me no espaço entre o instante e o que foi Encaixo-me no único espaço que existe, o Presente, Ali fico, permaneço apenas no que sou.

Blessedness has brought me the gift of shelter I control the space between now and after I balance myself in the space between now and before I fit into the only space that truly exists, the Present, I stay there, I remain only in what I am.

Ah ilusão! Para onde foste? Por quê me deixaste o vazio? Não sinto nada Nem mesmo um pio Um oco eco Ressoa dentro de mim Sem barreiras O som viaja em silêncio Infinitamente se expande No nada Sinto em mim Um dia nublado Como um velho Lendo o periódico A observar os infantes Rumando à escola Sem qualquer nostalgia Pelo tempo que passou Apenas presente No momento presente Entre o tempo cinza O periódico desnecessário A plenitude da infância E o vazio do fim.